Economistas fizeram uma análise do governo atual e do anterior
O economista Marcelo Guaranys participou do painel “Perspectivas Econômicas” | Fotos: Reisy Ruzzi
O primeiro painel da Cúpula de Líderes intitulado Perspectivas Econômicas teve a participação do ex-secretário Executivo do Ministério da Economia e sócio do escritório de advocacia Demarest, Marcelo Guaranys, e do ex-ministro de Minas e Energia, o pós-doutor em Economia Adolfo Sachsida.
Os dois são formados em Economia e Direito e trabalharam algumas vezes juntos, incluindo no governo do presidente Jair Bolsonaro. Guaranys procurou falar das perspectivas econômicas com uma ótica mais qualitativa. Para ele, houve uma mudança no modelo econômico.
“O ministro da Economia Paulo Guedes acreditava que tinha muito gasto de dinheiro público e para manter esse gasto pagávamos muito imposto e todo mundo do setor privado sofria com essa carga tributária. Então, ele atacou os gastos (reformas da Previdência, Fiscal, Administrativa…) deixando o setor privado ser o grande motor econômico do país, mas quando muda o governo, muda a forma de pensar”, explicou Guaranys, acrescentando que o atual governo passa a pensar que “o gasto governamental vai ajudar o país com ações que são importantes e fortalecem como o Bolsa Família, mas outras não”. Para Marcelo Guaranys, a gestão anterior procurava reformas para o mercado, e a atual para políticas sociais, sendo os dois legítimos, mas pontuando que a pandemia de Covid 19 atrapalhou a lógica das reformas.
Sobre o administração petista, apesar do crescimento do PIB, ele alertou para o risco da expectativa de crescimento da inflação que talvez passe até do teto da meta “podendo estar fora do controle, o que é ruim para a população” e fez uma pergunta: “O meu crescimento vai aguentar mais tributo? Na minha opinião a Reforma Tributária foi muito positiva. Ela simplifica, harmoniza estados e municípios, mas tem muitas exceções”.
Guaranys disse ainda que “o governo parece estar preocupado com o nível de gastos e propondo um pacote mais ou menos parecido com o que a gente queria fazer. Estão soltando pílulas, mas não sabemos como vai ser atendido pelo Congresso. O cenário ainda tende a ser mais ou menos positivo se o governo conseguir fazer pacote de medidas e reformas em um ambiente regulatório adequado”.
Para Adolfo Sachsida, o risco da Reforma Tributária dar errado “é muito grande
Adolfo Sachsida procurou fazer uma análise apresentando de onde viemos, onde estamos e para onde iremos. “Em fevereiro de 2023, em um artigo para o portal Poder 360, eu disse que o PIB ia crescer mais de 2% naquele ano e todos ficaram espantados porque era um novo governo. Mas eu falei isso porque o país vinha trabalhando desde 2016. Foram 6 anos de reformas (Trabalhista, Previdência), autonomia do Banco Central, Novo Marco de Garantias, Novo Marco de Cabotagens, Lei da Liberdade Econômica, novo FGTS…foram 14 novos instrumentos, além de redução e extinção de tributos, uma grande diminuição do tamanho do governo na economia. O governo Bolsonaro terminou o ciclo gastando menos do que entrou. Isso com pandemia, guerra no mundo e crise hídrica”.
Sachsida explicou que com essas medidas foram três os resultados: sobrou menos dívida para as gerações futuras, foi devolvido dinheiro para a sociedade ao baixar impostos, e os mais pobres foram mais ajudados com auxílio de programas sociais passando de R$ 180 para R$ 600.
Sobre o governo atual, que segundo o ex-ministro “gera crescimento econômico, mas aumenta o gasto liderado pelo Estado”, a estratégia pode dar certo, mas ele prefere um padrão com “menos governo e mais setor privado. O outro modelo pode dar certo em alguns lugares do mundo, mas aqui já foi tentado na década de 70 com presidente Geisel e resultado foi a década de 1980. Depois, tentamos de novo e o resultado foi a maior crise da economia entre 2015 e 2016”.
Adolfo Sachsida disse ainda que a “estratégia de mais liberdade econômica estava dando certo”. Sobre a Reforma Tributária, ele discorda de Guaranys. Considera perigosa, “com alíquota muito alta, custo fiscal alto. Tem ainda questões de jurisprudência, o Projeto de Lei “de 500 páginas tem 100 exceções. O risco de dar errado é muito grande”.